domingo, 25 de março de 2012

Saiba como a tabela periódica foi preenchida ao longo dos séculos

Mendeleev deixou lacunas para descobertas feitas depois de seu trabalho.

Tabela Periódica (Foto: Iupac )Tabela periódica mostra os elementos descobertos ao longo dos séculos (Reprodução: Iupac )

Dentre os diversos cientistas que contribuíram no século 19 para a classificação periódica dos elementos da química inorgânica, o trabalho do russo Dmitri Mendeleev pode ser considerado um dos mais relevantes. Conhecido como o pai da tabela periódica, o químico fez o levantamento de todas as informações conhecidas sobre os elementos descobertos até meados de 1860 e os organizou em ordem crescente de peso atômico. Ele anotava os dados em cartões e os fixava na parede de seu laboratório. À medida que notava semelhança entre os elementos, modificava suas posições. Nascia, assim, a primeira tabela que apresentava os elementos disponibilizados em linhas horizontais.

Segundo a tabela periódica disponibilizada pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (International Union of Pure and Applied Chemistry - Iupac), órgão que regula os padrões e nomenclaturas adotados por químicos do mundo inteiro, até o ano de 1800, 38 diferentes tipos de elementos haviam sido descobertos, incluindo hidrogênio, ferro, alumínio, flúor e cálcio.

No período entre 1800 e 1849, 22 elementos foram descobertos, dentre eles o potássio, sódio, iodo, selênio e bromo. Entre 1850 e 1899, outros 23 elementos, como o helio, o césio, o neônio e o gálio passaram a fazer parte da tabela periódica. De 1900 a 1949, 13 novos elementos foram descobertos, incluindo frâncio, radônio e astato. Nos últimos 50 anos do século passado, foram descobertos 15 elementos, como rutherf, berquélio e califórnio, totalizando 111 na tabela periódica.

Segundo a professora Adriana Vitorino Rossi, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a partir do século 17 houve um boom nos estudos da química, que passou a ser encarada como ciência, diferente da alquimia. “Os cientistas passaram a ordenar e classificar as coisas. Nesse ponto de vista, a tabela periódica de Mendeleev tem genialidade, já que o químico notou que havia uma lógica de ordenação e classificação dos elementos”, lembra.

A professora destaca também que ao criar a tabela periódica, Mendeleev deixou algumas lacunas em aberto justamente para que os novos elementos a serem descobertos pudessem ser encaixados nela. “Foi tudo baseado na periodicidade, indicando que haveria novos elementos que preencheriam essas lacunas. Entretanto, existiram outros fatores que Mendeleev não previu e cuja existência não considerava, como os gases nobres. Nesse caso, era muito difícil identificá-los, pois eles não reagem com nada. A maior parte dos gases nobres foi identificada no começo do século 20”, explica a química.

E se um novo elemento for descoberto nos dias de hoje? Como ele passa a ser inserido na tabela periódica? De acordo com a professora, esse seria um tipo de situação bem rara atualmente, pois é pouco provável que existam elementos naturais com números atômicos mais altos que os já registrados e os que venham a ser sintetizados em laboratórios podem ser muito instáveis. “É importante deixar claro que isso não acontece com tanta frequência. O trabalho necessário para caracterizar um novo elemento sintético, com o seu posterior reconhecimento, é muito complicado e pode demorar para que os dados sejam oficialmente aceitos pela Iupac, já que deve haver concordância entre os cientistas”, destaca Adriana.


 

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